As Origens Remotas do Coronelismo
O coronelismo institucional surgiu com a formação da Guarda Nacional,
criada em 1831, como resultado da deposição de dom Pedro I, ocorrida em abril
daquele ano. Inspirada na instituição francesa, forjada pelos acontecimentos de
1789, a "guarda burguesa" era uma milícia civil que representava o
poder armado dos proprietários que passaram a patrulhar as ruas e estradas em
substituição às forças tradicionais, derrubadas pelos revolucionários. Para ser
integrante dela era preciso, pois ser alguém de posses, que tivesse recursos
para assumir os custos com o uniforme e as armas necessárias (200 mil réis de
renda anual nas cidades e 100 mil réis no campo).
Guarda Nacional-criada em 1831
Coronel, Sinônimo de Poder
O governo da Regência (1831-1842) colocou então os
postos militares à venda, podendo então os proprietários e seus próximos
adquirirem os títulos de tenente, capitão, major, tenente-coronel e coronel da
Guarda Nacional (não havia o posto de general, prerrogativa exclusiva do
Exército). Assim é que com o tempo, o coronel passou automaticamente a ser
visto pelo povo comum como um homem poderoso de quem todos os demais eram
dependentes. Configurou-se no Brasil daqueles tempos uma clara distinção social
onde os representantes dos dominantes eram identificados pelo rango militar
(coronel, major, etc..) enquanto que os dominados pelo coronel o eram pela
visível identificação genérica de "gente", ou a zoológica
"cria" (sou "cria" do coronel fulano).
voto de cabresto (charge de Storni,
revista Careta Rio de Janeiro, 1927)
Ascensão e Queda do Coronelismo
O
coronelismo foi um sistema de poder político que vicejou na época da República
Velha (1889-1930), caracterizado pelo enorme poder concentrado em mãos de um
poderoso local, geralmente um grande proprietário, um dono de latifúndio, um
fazendeiro ou um senhor de engenho próspero. Ele não só marcou a vida política
e eleitoral do Brasil de então como fez por contribuir para a formação de uma
clima muito próprio, cultural, musical e literário que fez da sua figura um
participante ativo do imaginário simbólico nacional. Não só os homens de letras
procuraram reproduzir em seus livros o que era viver sob o domínio de um
coronel, como os feitos e as façanhas deles foram transmitidas, a luz de velas,
de lamparinas e de lâmpadas, pela história oral do avô para o seu neto, fazendo
com que quase todo mundo soubesse de uma "história" ou "causo do
coronel". Identificado com o Brasil do passado, agrário, rústico e
arcaico, ele ainda sobrevive em certas comarcas e em certos estados do Nordeste
brasileiro como o poderoso "mandão local", uma espécie de velho barão
feudal que, desconsiderando as razões do tempo e da época, insiste em manter-se
vivo e atuante.
Fonte: educaterra.terra.com.b
Org.: Pesq.: Antonio Barboza
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