Graça, Maria e Andreza (Afilhadas de Fogueira)
Quando os portugueses iniciaram o
empreendimento colonial no Brasil, a partir de 1500, as festas de São João eram
ainda o centro das comemorações de junho. Alguns cronistas contam que os
jesuítas acendiam fogueiras e tochas em junho, provocando grande atração sobre
os indígenas. Houve, portanto, certa coincidência entre o propósito católico de
atrair os índios ao convívio missionário catequético e as práticas rituais
indígenas, simbolizadas pelas fogueiras de São João. Talvez seja por causa
disso que os festejos juninos tenham tomado às proporções e a importância que
adquiriram no calendário das festas brasileiras. As relações familiares eram
complementadas pela instituição do compadrio, que servia para integrar outras
pessoas à família, estreitando assim os laços entre vizinhos e entre patrões e
empregados. Até mesmo os escravos podiam ser apadrinhados pelos senhores de
terra. Havia duas formas principais de
tornar-se compadre e comadre, padrinho e madrinha: uma era, e ainda é através
do batismo; a outra, através da fogueira. Nas festas de São João, os homens,
principalmente, formavam duplas de compadres de fogueira: ficava um de cada
lado da fogueira e deveriam pular as brasas dando-se as mãos em sentido
cruzado. Os laços de compadrio eram muito importantes, pois os padrinhos podiam
substituir os pais na ausência ou na morte destes, os compadres integravam
grupos de cooperação no trabalho agrícola e os afilhados eram devedores de
obrigações para com os padrinhos. A instituição beneficiava os patrões, que
tinham um séquito de compadres e afilhados leais tanto nas relações de trabalho
como nas campanhas políticas, quando se beneficiavam do voto de cabresto. Hoje
as festas juninas possuem cor e local. De acordo com a região do país, variam os
tipos de danças, indumentárias e comidas. A tônica é a fogueira, o foguetório, o
milho, a pinga, o mastro e as rezas dos santos. No Nordeste sertanejo, o São
João é comemorado nos sítios, nas paróquias, nos arraiais, nas casas e nas
cidades. A importância dessa festa pode ser avaliada pelo número de nordestinos
e turistas que escolhem essa época do ano para sair de férias e participar dos
festejos juninos. Na Amazônia cabocla, a tradição de homenagear os santos
possui um calendário que tem início em junho, com Santo Antônio, e termina em
dezembro, com São Benedito. Cada comunidade homenageia seus santos preferidos e
padroeiros, com destaque para os santos juninos. São festas de arraial que começam
no 10° dia depois das novenas e nas quais estão as fogueiras, o foguetório, o
mastro, os banhos, muita comida e folia.
Org. e Pesq.: Antonio Barbosa
Fotos: Antonio
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