São Cem anos de Gozagão. E neste momento único estarei participando como compositor com a música "Gostando de Voce", parceria com meu amigo Daniel que é o interprete. Dia 22.06.12, em Assú-RN.
Luiz Gonzaga do Nascimento nasceu
em 1912 na fazenda Caiçara, no sopé da Serra de Araripe, na zona rural de Exu,
Pernambuco, próximo da divisa com os estados do Ceará e do Piauí. O lugar seria
revivido anos mais tarde em "Pé de Serra", uma de suas primeiras
composições. Seu pai, Januário, trabalhava na roça, num latifúndio, e nas horas
vagas tocava sanfona (também consertava o instrumento). Foi com ele que Luiz
Gonzaga aprendeu a tocá-la. Não era nem adolescente quando passou a se
apresentar em bailes, forrós e feiras, de início acompanhando seu pai. Aos dezoito anos, ele se apaixonou por uma
moça da região e, repelido pelo pai dela, um coronel, ameaçou-o de morte.
Januário lhe deu uma surra por isso; revoltado, Luiz Gonzaga fugiu de casa,
ingressando no exército em Crato, Ceará. A partir dali, durante nove anos ele
viajou por vários estados brasileiros, como soldado. Em Juiz de Fora, Minas
Gerais, conheceu Domingos Ambrósio, também soldado e conhecido na região pela
sua habilidade como sanfoneiro. Dele, recebeu importantes lições musicais. Em
1939, deu baixa do Exército no Rio de Janeiro, decidido a se dedicar à música.
Na então capital do Brasil, começou por tocar na zona do meretrício. Seu
repertório era composto basicamente de músicas estrangeiras que apresentava,
sem sucesso, em programas de calouros. Até que, no programa de Ary Barroso ele
foi aplaudido executando "Vira e Mexe", um tema de sabor regional, de
sua autoria. Veio daí a sua primeira contratação, pela rádio Nacional. Não
demorou também para que viessem as primeiras gravações em discos alheios e, em
seguida, seus próprios discos solo. Nestes registrou de início mais de cinquenta
temas instrumentais, para somente então passar a cantar músicas suas com letra.
"Chamego", que inaugurou a nova fase, não era senão "Vira e
Mexe", à qual tinham sido justapostas palavras cantadas. O autor delas se
chamava Miguel Lima, que tornou-se assim o primeiro letrista de Luiz Gonzaga. Foi,
porém com outro parceiro, o cearense Humberto Teixeira que Luiz Gonzaga veio a
compor as músicas que definiram um novo gênero no cenário musical brasileiro: o
baião. De ritmo, estilo e conteúdo próprios e peculiares, o baião constituía-se
de temas tipicamente nordestinos do sertão. A dupla trabalhou de 1945 a 1950,
tendo criado alguns dos maiores clássicos de Luiz Gonzaga. Entre as dezenove
que fizeram se distinguem: "Baião", de 1946; "Asa Branca",
de 1947; "Juazeiro", de 1949; "Assum Preto",
"Paraíba", "Respeita Januário" e "Baião de Dois",
de 1950. Em 1949, Luiz Gonzaga inaugurou outra importante parceria, com o
pernambucano Zé Dantas. Neste encontro seu trabalho ganhou um tom mais
politizado, notadamente pelo conteúdo social de algumas músicas que abordam os
problemas do Nordeste, como "A Volta da Asa Branca", de 1950,
"Aldogão" e "Vozes da Seca", de 1953, e "Paulo
Afonso", de 1955. Além destas, a dupla fez "Vem, Morena", em
1949, "Cintura Fina", em 1950, "O Xote das Meninas" e
"ABC do Sertão", em 1953, e "Riacho do Navio", em 1955, num
total de 43 composições. A época dourada do baião transcorreu aproximadamente
de 1945 a 1955, período em que Luiz Gonzaga conquistou e consolidou uma imensa
popularidade tanto nas zonas rurais como nos centros urbanos do país. No final
da década de 40, ele já era um dos maiores astros nacionais, graças
principalmente ao estrondoso sucesso da toada "Asa Branca". Nos
primeiros anos da década seguinte, deu início às grandes excursões que
caracterizaram sua carreira dali para frente, cruzando o Brasil de ponta a
ponta para divulgar sua música. Em 1953, inspirado pelo sanfoneiro catarinense
Pedro Raimundo, que tocava música da sua região com roupas típicas de gaúcho,
Luiz Gonzaga mudou seu visual. Passou a se apresentar vestido de vaqueiro
nordestino, tendo como modelo a indumentária (o chapeú, especialmente) do
cangaceiro Lampião. Daí em diante esta se fixou como a imagem emblemática do
artista acompanhado de sua indefectível sanfona branca. Na segunda metade dos
anos 50, ele começou a cair no esquecimento nas grandes cidades. A partir de
então, suas apresentações se concentraram no interior, onde ele se manteve em
alta. No meio dos anos 60, essa situação começou a se alterar, quando novos
nomes da MPB passaram a reverenciá-lo, resgatando seu nome. De 1965 a 1972,
vários artistas jovens gravaram músicas de seu repertório, de Geraldo Vandré a
Gal Costa, passando por Gilberto Gil - que no auge do Tropicalismo o citou como
uma de suas principais influências - a Caetano Veloso. Bem no início dos anos
80, a carreira de Luiz Gonzaga foi reestimulada pela associação com outro nome
da nova geração da MPB: seu filho Gonzaguinha, que então fazia muito sucesso
como cantor e compositor. Em 1980, Gonzagão e Gonzaguinha - como passaram a serem
chamados respectivamente pai e filho - se juntaram para fazer a bem-sucedida
turnê de "A Vida do Viajante", que marcou a volta de Luiz Gonzaga à
estrada, após alguns anos de quase total retiro. O show, levado a vários cantos
do Brasil, se estendeu pelo ano seguinte, quando foi gravado e registrado num
álbum duplo. No plano profissional, os anos seguintes foram marcados por
homenagens, premiações - como a do MPB-Shell, de 1984 - e por duas viagens para
apresentações no exterior, na França, em 1982 e 1986. Na sua vida pessoal,
separou-se de Helena Cavalcanti, passando a viver com Edelzuita Rabelo, uma
moça com quem mantinha um romance desde meados dos anos 70. Em junho de 1989,
já bastante doente e envelhecido, Luiz Gonzaga participou de um show no teatro
Guararapes, no Recife. Na ocasião, declarou: "Quero ser lembrado como o
sanfoneiro que amou e cantou muito o seu povo, o sertão, as aves, os animais,
os cangaceiros, os retirantes, os valentes, os covardes, o amor". Dois
meses depois, morreu, deixando uma obra de 312
composições registradas e cerca de 210 discos
gravados.
Fonte:
.luizluagonzaga.mus.br/INTERTV CABUGI
Org. e Pesq.: Antonio Barbosa
Org. e Pesq.: Antonio Barbosa
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