Idade Média
Quando falamos em Idade Média, é quase impossível não se
lembrar daquela antiga definição que costuma designar esse período
histórico como sendo a “idade das trevas”. Geralmente, este tipo de
conceituação pretende atrelar uma perspectiva negativista ao tempo
medieval, como sendo uma experiência de pouco valor e que em nada pôde acrescer ao “desenvolvimento” dos homens.
Para entendermos tamanha depreciação, é necessário que investiguemos os responsáveis pela crítica
à Idade Média. Foi durante o Renascimento, movimento intelectual do
período Moderno, que observamos a progressiva consolidação desta visão
histórica. Para os renascentistas, o expresso fervor religioso dos
medievais representou um grave retrocesso para a ciência.
Seguindo esta linha de pensamento, vemos que a Idade Média é
simplificada à condição de mero oposto aos ditames e valores que
dominaram a civilização greco-romana. Não por acaso, os renascentistas
se colocavam na posição de sujeitos que se deram o trabalho
de “sequenciar” o conjunto de traços culturais, estéticos e científicos
que foram primados na Antiguidade Clássica e “melancolicamente”
abandonados entre os séculos V e XV.
Entretanto, um breve e mais atento olhar ao mundo medieval nos
revela que estas considerações estão distantes dos vários
acontecimentos dessa época. Afinal de contas, se estivessem vivendo nas
“trevas”, como seriam os medievais os responsáveis pela criação
das primeiras universidades? Essa seria apenas uma primeira questão que
pode colocar a Idade Média sob outra perspectiva, mais coerente e
despida dos vários preconceitos perpetuados desde a Idade Moderna.
O desenvolvimento da cultura cristã, as heresias, as peculiaridades
de um contexto político descentralizado, a percepção do tempo no
interior dos feudos, as festas carnavalescas são apenas um dos temas que
podem revelar claramente que esse vasto período histórico é bem mais
complexo e interessante. Ainda há tempo para que estas e outras luzes
permitam a reconstrução que os tempos medievais, de forma bastante
justa, merecem.
Por Rainer Sousa
Org. e pesq,: Antonio Barbosa
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