sexta-feira, 18 de maio de 2012

História da Música


  Asa Branca


       Há mais de 60 anos, Luiz Gonzaga entrava no estúdio da RCA para gravar uma toada chamada Asa Branca, a primeira parceria sua com o cearense Humberto Teixeira, o maior clássico da música nordestina em todos os tempos, com mais de 500 regravações no Brasil e mundo afora. Teixeira, que estava no estúdio na noite da gravação, relembrou aquela sessão histórica, anos mais tarde, em Fortaleza, ao pesquisador Miguel Ângelo de Azevedo, o Nirez: “... No dia em que gravamos, com o conjunto de Canhoto, ele disse assim: ‘Mas puxa, vocês depois de um negócio desses, de sucessos, vêm cantar moda de igreja. Que troço horrível’! Aí então, eles com um pires na mão, saíam pedindo, brincando, uma esmola pro Luiz e pra mim, dentro do estúdio. Mal sabiam eles que nós estávamos gravando ali uma das páginas mais maravilhosas da música brasileira”. Em 1945, Luiz Gonzaga foi levado pelo compositor Lauro Maia, ao escritório de advocacia de Humberto Teixeira, na avenida Calógeras, no Centro do Rio. Gonzagão andava há algum tempo à procura de um compositor com quem pudesse retrabalhar os ritmos do Nordeste, que conhecia tão bem dos forrobodós freqüentados com o pai Januário, sanfoneiro conceituado no sertão do Araripe. “Nesse mesmo dia nós fizemos os primeiros versos, discutimos as primeiras idéias em torno de Asa branca, que só dois anos depois foi gravada”, contou Humberto Teixeira, não se esquecendo de acrescentar que Asa branca não foi uma composição inédita da dupla. “'Asa Branca' é uma música do meu pai Januário, mas não tinha este nome, era chamada de 'Catingueira do Sertão' (a catingueira é uma árvore comum no semi-árido).
O velho Januário nunca escondeu de ninguém que Asa Branca era uma música sua. Dominguinhos conta que um dia estava em Exu, na casa de Januário: “Enquanto seu Luiz tocava "Asa Branca" na sanfona, Januário comentou comigo: ‘Esta música aí foi esse negro safado que roubou de mim’, claro que em tom de brincadeira. Januário também havia se apropriado da música, que fazia parte do repertório de dos sanfoneiros da região, como também dos cegos que tocavam nas feiras em troca de dinheiro. Além do mais "Juazeiro", "Meu Pé de Serra", "Vira e Mexe", sucessos inaugurais de Luiz Gonzaga também eram temas musicais correntes no Sertão, e foram levado por ele em seu matolão, quando deixou o povoado do Araripe, Exu, em 1930.
Orga. E Pesq.: Antonio Barbosa

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